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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Horta

Noticias
Horta que ensina
Biólogos ensinam sustentabilidade por meio da produção de hortas em garrafas de plástico. Além de facilitar a aprendizagem do tema, o projeto permite que os alunos promovam atitudes sustentáveis nas comunidades onde vivem.
Por: Mariana Rocha
Publicado em 15/05/2013 | Atualizado em 15/05/2013
Os alunos reutilizaram garrafas de plástico para criar hortas. O projeto ajuda no ensino da sustentabilidade, que, apesar de fazer parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda é pouco discutida em sala de aula. (foto: Débora Baldivia)
Garrafas de plástico, sementes e um pouco de terra. É com esse material que um grupo de biólogos buscou ensinar o tema sustentabilidade para alunos da Escola Municipal Armando Campos Belo, em Dourados, Mato Grosso do Sul. Por meio da construção de uma horta móvel, a equipe mostrou na prática conceitos ainda pouco trabalhados em sala de aula.
A ideia surgiu durante a disciplina ‘Sustentabilidade Ambiental’, do programa de pós-graduação em Biologia Geral/Bioprospecção da Universidade Federal da Grande Dourados, onde a equipe – formada por Bruno do Amaral Crispim, Débora da Silva Baldivia, Kátia Ávila Antunes e Vânia Tomazelli de Lima – realiza mestrado. “A proposta era fazer algo relacionado à sustentabilidade, então decidimos ir à escola e preparar uma horta móvel com os alunos do 8° ano do ensino fundamental”, explica Débora Baldivia.
“Apesar de fazer parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o tema ainda é pouco discutido em sala de aula”
Antes do preparo da horta, a equipe aplicou um questionário para descobrir o que os alunos já sabiam sobre sustentabilidade. “Apesar de fazer parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o tema ainda é pouco discutido em sala de aula”, comenta Débora. “Os alunos achavam, por exemplo, que reciclar e reutilizar tinham o mesmo significado”, completa Kátia Antunes.
Para ajudar a esclarecer esse tipo de questão, a equipe promoveu uma palestra sobre assuntos como reutilização, reciclagem e coleta seletiva, entre outros temas relacionados à sustentabilidade ambiental. Em seguida, cada aluno foi incentivado a preparar sua própria horta a partir de um procedimento simples. “Os alunos fizeram cortes transversais e verticais em garrafas vazias de refrigerante, fizeram pequenos furos para drenar a água, adicionaram terra vegetal e distribuíram nela sementes de hortaliças”, conta Débora, que se inspirou na horta vertical projetada pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum.
Além de auxiliar no ensino da sustentabilidade, a horta móvel pode influenciar as atitudes dos alunos em relação aos cuidados com a vida e estimular a promoção de práticas sustentáveis nas comunidades onde vivem. (foto: Débora Baldivia)
Após a produção da horta, os alunos escolheram um local da escola para abrigar as pequenas plantações e ficaram responsáveis por regá-las todos os dias. A equipe decidiu, então, ao final do projeto, reaplicar o questionário para saber se a palestra e a produção da horta móvel ampliaram os conhecimentos dos alunos sobre o tema.
Segundo Kátia, além de mostrar que sabiam mais sobre o assunto, os alunos passaram a associar a escola a um lugar onde se aprende sustentabilidade. “No primeiro questionário, apenas 5% dos alunos disseram ter ouvido falar sobre sustentabilidade na escola, enquanto no segundo essa taxa subiu para 80%”, explica a bióloga.
Além da escola
“Eles agora têm uma consciência maior sobre a temática e podem criar não só a horta de garrafa de plástico, mas outros produtos que reutilizem o que era considerado lixo”
A equipe acredita que a produção da horta móvel não se limita a ensinar o tema na escola. Segundo Bruno Crispim, os alunos podem difundir o que aprenderam na comunidade onde vivem e produzir sua própria horta em casa. “Eles agora têm uma consciência maior sobre a temática e podem criar não só a horta de garrafa de plástico, mas outros produtos que reutilizem o que era considerado lixo anteriormente”, acrescenta.
No fim do projeto, cada aluno levou sua horta para casa e continuou cuidando das hortaliças. “Eles ficaram muito empolgados durante o preparo da horta. Acredito que o projeto também ajudou a criar neles a responsabilidade de cuidar da horta e influenciou suas atitudes em relação aos cuidados com a vida”, conclui Débora.


Mariana Rocha
Ciência Hoje On-line